Começa no próximo 21 de agosto, a I Mostra Container Cultural, que vai apresentar, on-line, dez espetáculos gratuitos, de diferentes profissionais das artes cênicas e da cena musical paranaense.
Entre intérpretes e criadores, estão os músicos Du Gomide, Érico Viensci, Beto Collaço e Luis Fernando Diogo; os diretores e atores Mauro Zanatta, Richard Rebelo, Renato Perré e Murilo de Andrade; os circenses Camila Cequinel e Rafael Barreiros, além de Nélio Spréa e do elenco do Antropofocus, junto com vários outros que atuam, sobretudo na linha da poesia e do riso – cuja mistura foi a busca da coordenação e da curadoria do evento.
A Mostra também oferece oportunidade de formação em encontros agendados a partir do próximo dia 13, sobre quatro temas: produção teatral, contação de histórias, improvisação e arte do palhaço. “Fizemos questão de contratar oficineiros que também atuam na Mostra, pois assim os participantes das oficinas podem constatar a qualidade com que seus professores colocam em prática aquilo que ensinam” – diz Joanita Ramos, curadora, junto com Fátima Ortiz, e responsável pela direção artístico-pedagógica do Projeto.
Assim, Diego Marchioro, professor de produção cultural é também o diretor de produção da Mostra; Richard Rebelo, que orienta a oficina de contação de histórias, atua como narrador no espetáculo O Causo é o Seguinte, previsto para o dia 22 de agosto e como ator em Entre Tangos e Fandangos, peça concebida por Joanita Ramos, com direção de Mauro Zanatta, especialmente para o palco itinerante, que está programada para o último dia, 28. Rafael Barreiros, mestre em palhaçaria, é o palhaço Alípio, que junto com a palhaça Sombrinha, abrem a Mostra com apresentarão em live, do espetáculo Circo S/A dirigido ao público infanto-juvenil. E o responsável pelo ensino de improvisação é Edran Mariano, que terá o apoio dos seus parceiros Andrei Moscheto e Marcelo Rodrigues, do Antropofocus. Juntos, além das oficinas, eles apresentam personagens escritores em Histórias Extraordinéditas, espetáculo em que procuram dar vida a fatos cotidianos, aparentemente sem importância, revelando o que eles trazem de extraordinário.
Programação e inscrições
Para assistir aos espetáculos ou participar das oficinas, os interessados devem entrar no site www.containercultural.com, e seguir a orientação para retirada do ingresso gratuito ou registrar inscrições para a oficina pelo Sympla. Segundo os organizadores, os ingressos são apenas para registro da quantidade de espectadores e o acesso é fácil, pois o sistema é autoexplicativo.
Na programação estão inclusas peças que colocam em destaque a cultura e o folclore brasileiro, como A Toada do Boi Bumbá, adaptando para o teatro a história tradicional do boi, cuja língua é desejada por uma grávida. Outros exemplos são O Causo é o Seguinte e Entre Tangos e Fandangos, que além dos “causos” e do “fandango”, como os títulos anunciam, trazem citações de Guimarães Rosa, André Breton, Paulo Leminski e outros autores, intercaladas por moda de viola e música autoral.
Até os bem pequenos foram lembrados na Mostra, com o espetáculo “Acalantos” em que Luana Godin, Renata Melão e Mariana Castro interpretam músicas tradicionais, como Alecrim Dourado e outras, que as crianças podem aprender junto com as artistas. O espetáculo circense Circo S/A, com os palhaços Alípio e Sombrinha, é adequado a partir dos primeiros anos do ensino fundamental. E Madame Virgulina, de Camila Cequinel, pode interessar especialmente pelo modo potente como a artista recorre à linguagem corporal, fazendo rir sem dizer palavras.
Entre Tangos e Fandangos também brinca com a linguagem, fazendo o “portunhol” dialogar com a simplicidade da fala da gente simples do interior, representada pelo personagem Valdecir, na história de uma estrangeira e um matuto, que decidem ir a pé até a Argentina, tentando idealizar uma performance artística.
O teatro popular da Cia. Filhos da Lua e do grupo Arte da Comédia também fazem parte da Mostra, com Aniversário de Palhaço, o que É? e As Espertezas de Arlequim, respectivamente. O último foi dirigido por Roberto Innocente – diretor italiano, radicado em Curitiba e dedicado à commédia dell`arte, que foi uma das vítimas de Covid-19 no Brasil.
Um pouco mais afastado do riso, mas repleto de poesia, está o espetáculo londrinense Poética da Terra e do Céu, em que o autor e ator Murilo de Andrade distribui barquinhos de papel pelo palco, enquanto mergulha nas águas da saudade de pessoas e situações que fizeram parte da infância.
A coordenadora do Projeto, Paola Burkot, conta que a seleção foi feita pensando no público das áreas rurais e de cidades com menos de 50 mil habitantes – lugares onde ainda há muitos que nunca viram um espetáculo de teatro sobre um palco. A ideia era continuar a missão do Projeto Container Cultural, que começou em 2017, levando um container que se transforma num palco a céu aberto nas cidades do interior.
Com a pandemia de Covid-19, toda a programação de espetáculos e oficinas será transferida para o ambiente virtual, a exemplo do que já fizeram outros empreendedores culturais. “Estamos fazendo do desafio de realizar a Mostra em formato on-line um jeito de ampliar o alcance das apresentações e ações do Projeto, procurando utilizar as ferramentas on-line para criarmos uma nova maneira de formar plateia – afirma Marchioro, o diretor de produção.
Ramos conta que resistiu muito em abrir mão de ver centenas de pessoas se aglomerando nas praças, diante do palco-container, como ocorreu em edições anteriores. Mas afirma que o fim da esperança pelo evento presencial é compensado pela possibilidade de que pessoas de outras cidades, além das sete previstas inicialmente no projeto, também possam desfrutar das atividades do evento.
“Além disso – acrescenta Burkot – se considerarmos da mulher que limpou o container no período de gravações dos espetáculos que ainda não tinham versões em vídeo para a Mostra on-line, aos artistas dos dez grupos participantes, o Projeto gerou trabalho e renda para quase uma centena de pessoas”. Ela chama a atenção para a relevância, neste período de crise, dos projetos que distribuem os recursos entre vários coletivos.
A Mostra também foi pensada como opção para educadores que desejem envolver seus alunos em fruição de arte e aprendizagens lúdicas. Mas a curadoria alerta que, assim como a literatura, o teatro, a música e outras artes não devem ser apresentadas como tarefa ou obrigação. “Apresentar a arte como uma oportunidade, um presente, ou um modo de integração entre escola e comunidade é o melhor que os educadores podem fazer pela formação cultural da criança ou adolescente no ambiente escolar” na opinião de Ramos.
Mais informações, ingressos e inscrições gratuitos no site www.containercultural.com